A linguagem formal matemática é insuficiente para atingir a essência dos fenômenos econômicos. A prova disso se dá quando tentamos conceber um conhecimento como, por exemplo, o valor da renda da terra, o lucro empresarial, a divisão do trabalho, através do método matemático. Este é particularmente adequado para descrever os estados de equilíbrio estudados pelos neoclássicos, porém falha em incorporar a realidade subjetiva do tempo e a criatividade empresarial, que são características observadas no discurso analítico dos teóricos da escola austríaca de economia.
A economia é constituída por seres humanos, que possuem demandas infinitas e recursos da natureza limitados. O mercado se constitui de seres humanos interagindo entre si, trocando recursos de forma pacífica. A troca entre indivíduos é uma atividade que envolve ação de dois indivíduos. Os neoclássicos utilizam equações matemáticas para explicar fenômenos que dependem da ação humana, como se fosse uma simples variável previsível, quando na verdade a ação humana só pode ser experimentada em primeira pessoa, tal que deseja diminuir algum desconforto por meio desta.
Este desconforto ou estado menos satisfatório é avaliado apenas pelo indivíduo, que valoriza os recursos da natureza de forma diferente das outras pessoas. A pessoa que está com sede valoriza mais a água do que uma pessoa que não está. Esta água tende a ter um preço mais alto em desertos do que em cachoeiras. A teoria que explica de uma vez por todas a valoração subjetiva pelos indivíduos dos recursos escassos é a teoria da utilidade marginal, exposta pelos economistas austríacos.
Um caso clássico a ser analisado é o da água e o diamante: por que, apesar da enorme utilidade da água para a vida humana, o diamante é negociado no mercado com um preço muito mais alto?
Ora, a utilidade total de toda água existente é muito maior do que a utilidade total dos diamantes.
Porém, quando lidamos com a valoração, sempre vemos uma utilidade menor ao acrescentar mais uma unidade de água ou diamante. Valorizamos o primeiro litro de água muito mais do que o próximo litro de água, que é mais valorizado que o terceiro. Como a água é muito mais abundante que o diamante, vemos que a utilidade marginal foi decrescendo conforme havia mais quantidade de água. Sendo assim, vemos que os dados econômicos são descritos em forma de numerações ordinais, e não cardinais como fazem os neoclássicos.
A quantidade de recursos disponíveis está em constante mudança, em todos os lugares do mundo. Logo, é impossível saber como cada um dos bilhões de seres humanos valorizam cada recurso, e fazer equações com estes dados para se chegar em alguma conclusão. Fazer isso seria reunir sincronicamente magnitudes que são heterogêneas do ponto de vista temporal e da criatividade da ação humana.
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